Ontem
foi o National Coming Out Day - o dia nacional de "sair do armário". A
iniciativa é feita para trazer ao Brasil o movimento sobre o tema, que é
feito desde 11 de outubro de 1988, nos EUA, e é celebrado também em
países como Austrália, Canadá e Alemanha. A proposta levantada aqui não é
determinar um dia para se sair do armário, mas sim levantar o debate
sobre a importância (ou não) de mostrar-se publicamente como "diferente".
“Todxs têm que se assumir.”
“O mau do movimento LGBTQ são xs gays/trans que não se assumem.”
“O mau do movimento LGBTQ são xs gays/trans que não se assumem.”
“Tem que ter coragem pra viver e ser feliz.”
Hoje é o National Coming Out Day - dia nacional de sair do
armário - e o tenho ouvido muito isso. Não só hoje, são falas comuns, e me
entristecem. Entendo a iniciativa de quem deseja felicidade dxs LGBTQ, mas
gostaria de pedir um pouco mais de empatia e de compreensão. Vamos, por favor,
lembrar que se assumir com segurança é um privilégio que nem todxs têm - e que
exigir isso, em nome de um movimento social ou, pior, fazê-lo em tom
paternalista, como quem sabe o que é melhor para x outrx, é injusto pra dizer o
mínimo.
Com a palavra privilégio não pretendo desmerecer de maneira
nenhuma o sofrimento e a coragem que eu imagino que o ato de se assumir exige
de qualquer umx, em qualquer classe, cultura ou ambiente familiar. Viver a
identidade sempre exige sacrifício, e o sacrifício feito por nós é sempre o
maior - e tudo bem. Sei que é difícil olhar para a própria vida e se enxergar
umx privilegiadx, nossa vida sempre é a norma. Mas, nesse dia, peço menos dedos
apontados àquelxs que não têm condições de assumir quem são. Seja por medo ou
real possibilidade de serem expulsxs de casa, de serem agredidxs na rua, de perderem
o amor da família, de serem rejeitadxs na comunidade em que vivem - por medo ou
real possibilidade de algum desses exemplos, de todos ou de nenhum.
Não devia ser novidade que tem quem pague o preço da própria identidade
com a vida. Ou com o emprego, com a carreira, com o isolamento dos amigos e dos
familiares, com a integridade física e psicológica. É ingênuo, sinto dizer, afirmar
que só a felicidade aguarda para além da porta do armário. Pensamento otimista,
no máximo. Aos que conseguiram e se encontraram do outro lado, toda a
felicidade do mundo - mas não são delxs que falo aqui.
Cabe a nós, assumidxs e aliadxs privilegiadxs, que podemos viver nossas
identidades e ideologias com um mínimo de segurança, lutar pra construir um
mundo em que TODXS possam ser quem são, sem medo. Nesse National Coming Out
Day, que se celebre xs amigxs que estão fora do armário e que se apóie, sem
julgamentos, xs que ainda estão. Que fiquem segurxs até que o lado de fora
possa recebê-lxs. Hoje e sempre, que se apontem menos dedos e se estendam mais
as mãos.
Natália Otto, estudante de jornalismo.
Parabéns a Natália pelo texto! muito boa a reflexão! dale G8-G!!
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